Objectivo: consulta de neuropediatria (cromo novo para a coleção).
Intervenientes: nós, que é como quem diz, dois pais em pânico e um puto em stress, cinco recepcionistas e um neuropediatra.
Desenvolvimento: Chegámos 2 minutos antes da hora e fomos encaminhados para o consultório pelas diferentes funcionárias espalhadas pelo edifício principal. A sala de espera era agradável mas estranhámos não ver mais ninguém. O médico chegou pontualmente na hora da consulta, cumprimentou o pequeno na sala de espera (que o ignorou) e pediu-nos para entrar. Cordialmente mandou-nos sentar e diz, sem grandes rodeios:
"- O vosso filho é autista, não tenho a menor dúvida disso. E vocês sabem disso, não sabem?"
Isto seria o suficiente para me relembrar a consulta do "Dr Erva Seca" que durou 10 minutos e mal falou comigo ou com o pai, em que se rabisca qualquer coisa num papel e se manda o pessoal embora. Ou então a consulta com a "Drª Eu-Sou-Médica" que nos disse que a medicação seria o passo lógico para uma criança de 2 anos.
Mas não. Desta vez, houve a preocupação de explicar, a todos os níveis, o porquê de se soltar aquela bomba nos primeiros 30 segundos de consulta. Desde a explicação do espectro, às diferentes áreas comprometidas, passando por todas as características físicas e comportamentais do "bicho" (nome carinhoso que o médico usou para se referir ao Diogo e que rapidamente passou a "bichinho" quando se apercebeu que não nos conhecia ainda tão bem como isso).
Para quem não soubesse o que se passava, dava a sensação que o Diogo era apenas um acompanhante da consulta. O médico deu-lhe liberdade para circular por uma sala colorida e com muitos estímulos, enquanto falava connosco, mas sem nunca o perder de vista. Sempre que o garoto stressava com alguma coisa, havia um barulho que aparecia não se sabia bem de onde e que captava a sua atenção e esta curiosidade natural do Diogo foi suficiente para fazer o teste auditivo e ao mesmo tempo, mostrar que é uma criança que explora o meio onde se encontra.
O médico gostou do facto de ele pedir ajuda para se sentar na cadeira alta e de dizer "faxabôi" quando pedia alguma coisa. Também salientou o facto de ele olhar pouco nos olhos, a não ser em posição de desafio, o que demonstra claramente intenção de provocar, principalmente a mãe, que ferve em menos água.
Durante 2 horas, "negociámos". Ou seja, o médico acreditou que há coisas que o Diogo faz que não são características de autismo (pedir colinho ou beijinhos e olhar nos olhos, por exemplo) e nós aceitámos que temos um filho autista.
Receitou um medicamento à base de melatonina (que é uma hormona produzida no nosso organismo e que regula o sono e que no caso do Diogo não está a ser produzida em quantidade adequada) para tentar regular o sono dele e deu-nos algumas dicas para que o sono seja uma rotina (diminuir as luzes, os sons e as brincadeiras a partir de uma determinada hora).
Resumo:
- Escola primária daqui a um ano lectivo? Nem pensar, não há maturidade suficiente e só iria prejudicar, mas o ano é longo e iremos fazer nova avaliação daqui a uns meses.
- Bate na cara? Deixar bater... nódoas negras curam-se, mas se cedem nunca mais o apanham... (falar é fácil!)
- Pensar em ter mais filhos? É melhor fazer testes antes...
Não posso dizer que esteja feliz com o resultado. Mas ainda assim, pelo menos este sempre me deu qualquer coisa concreto, rótulo ou não, que eu posso usar como ponto de partida.
Voltamos lá em Novembro.
E agora? Agora que estou outra vez a tomar aquelas coisas maravilhosas que a-
Tenho um monte de ideias, relacionadas com sensibilização para o autismo que vou pôr em prática. Mas isso é conversa para outro dia...
I'm back.
:) E o piolho anda a dormir melhor? Jocas
ResponderEliminarPor aqui na mesma, estamos à espera de consulta de neuro-pediatria...
ResponderEliminarQuanto à sensibilização, também tenho ideias, mas com eles em casa é impossível fazer seja o que for, birras, gritos, batem-se, balaceiam-se, fazem disparates (partiram uma tablet novinha em folha, para ver se voava atiraram-na ao ar)...
Mas pronto, depois se vê... não sei do que tenha mais medo, se do autismo, se da crise, lol!
Bjs!
Estou quase como tu, apesar de saber que indo há consulta do hospital vão-me dizer do autismo da minha pequena prefiro do que ficar a pensar o que raio ela terá. E assim os nossos pequenos sempre podem ter um bom acompanhamento.
ResponderEliminarTudo de bom e força
Bjinhos
Olá,
ResponderEliminarO meu filho tambemcomecou a tomar esse medicamento este verão, recomendado pela pediatra, uma vez que ele tinha dificuldades em desligar, ou seja, mesmo cheio de sono demorava imenso tempo para adormecer,
A nossa pediatra disse que era apenas a estimulacao de uma hormonha, que produzimos, que no caso dele nao estava a ser produzida em quantidade suficiente.
A verdade é que os problemas com o sono acabaram, ou seja vai para a cama e passado 30 seg esta a dormir ( o medicamento nao da sono, quando vai demasiado cedo para a cama demora na mesma imenso tempo para dormir) mas desde que começou, descansa mais, as rotinas instauraram-se ca em casa e ele anda muito mais calmo.
Daniela, parece-me um excelente primeiro passo!
Desejo-te muita forca, a ti e a todos, pois nao e fácil para ninguém...
Beijinhos