As dúvidas e angustias de uma mãe de primeira viagem quando descobre que o seu tesouro é especial...

terça-feira, 31 de julho de 2012

As férias... ou melhor, os dias na praia

Ninguém merece.

Há sei lá quanto tempo que não fazíamos férias... ou o €€€ anda demasiado curto, ou não há condições físicas, ou sei lá o quê.
Este ano decidimos fazer praia. Escolhemos com calma, ponderando todos os possíveis cenários e diferentes variáveis, já que para além de ter que ser um local sossegado, tinha que ter condições para levarmos a Mia. Lá encontrámos e lá fomos.
{suspiro}

A viagem correu bem, a casa até era porreira e a zona fantástica. O Diogo andava agitado mas pensei que fosse da mudança de ares. Perguntei se queria ir à praia, ficou todo entusiasmado e lá fomos ao final da tarde do primeiro dia. Brincou com a areia e até molhou os pés!

A partir desse momento entrou numa espiral de ansiedade e nervosismo. Começou a bater na cara dele e na nossa... tive que ir à farmácia comprar uma pomada para lhe besuntar a cara porque está cheia de nódoas negras! E não, não estou a exagerar... tem as bochechas cheias de hematomas, a alastrar para os olhos... e se houver alguma coisa à mão, serve como arma de arremesso! Cada vez que se enerva, bate na cara e se lhe dizemos para não o fazer, piora e descontrola-se completamente...

As birras, ou melhor, os meltdowns, tornaram-se cada vez mais violentos e barulhentos. Em casa dizia sempre que "quero praia, brincar areia" mas ao chegar lá, não queria sair do carro. Optámos por mostrar a praia de manhã e se ele não quisesse sair do carro íamos dar uma volta de carro e tentávamos mais tarde. Conseguimos sentá-lo na areia 3 ou 4 vezes (brinquedos novos!) e invariavelmente passado algum tempo lá vinha ele dizer "vamos embora"... e nós íamos. Sim, porque se ele começava aos gritos na areia o espectáculo podia ser ouvido a centenas de metros de distância! Numa das vezes o pai pegou nele e fugiu do areal, enquanto eu recolhia as tralhas... e como fiquei para trás pude ouvir as diferentes pérolas cagadas pelos ignorantes esparramados ao céu nublado (sim, porque sol foi só quando me vim embora!)... a única coisa que posso dizer em relação a isso é... {som agudo e constante enquanto expresso a minha opinião sobre esta gente...}

Resultado: 7 dias de stress, pouca praia, frio e alguma chuva. A gata dormia debaixo de um cobertor (mas essa também não bate bem da bola!) e nós andávamos de casaco. Viemos embora antes do que tínhamos planeado porque estava farta de gritos e tinha ataques de choro constantes. AH! E escusado será dizer que desisti (outra vez) do desfralde! Nem passa perto da casa de banho!!!!!
Cantou e riu durante a viagem de regresso. Em casa esteve bem até ser contrariado e voltou tudo ao mesmo...
Valeram-nos os bivalves, os caranguejos-eremitas e a Mimosa pudica L.


Sim, vamos procurar ajuda brevemente...

9 comentários:

  1. Não sei o que dizer...Imagino o que estás a passar amiga e fiquei com o coração tão apertadinho de ler isto que nem imaginas... Procura ajuda e rápido ok? Isto não pode continuar...

    Beijos

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  2. Tens mesmo de procurar ajuda para ti/marido e para o Diogo. Ele já passou a fase de controlo da ansiedade e já começou a agredir-se, a ele e aos que o rodeiam... Pondera isso muito bem mas, já sabes, lá no fundo, o que te pode esperar: medicar o Diogo. E se isso lhe trouxer a ele, diretamente, e a ti/marido, indiretamente, qualidade de vida, não penses em mais nada. Pensa em nós: eu tenho duas meninas medicadas... E elas ganharam tanto que isso compensa tudo. E nunca mais se morderam ou bateram com a cabeça nas paredes ou no chão. Que se fodam aqueles que ainda insinuam que a medicação é o caminho fácil. Eu queria ver se é fácil ver os nossos filhos, pedaços de nós, a mutilarem-se e a sofrerem tanto porque a puta da ansiedade não os deixa controlar-se.
    Amiga, pensa no Diogo. Qualidade de vida é a chave, aqui. Com ou sem medicação. E o Diogo está a ver essa qualidade a escapar-se e a não saber lidar com isso...

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  3. Se vieres para estes lados, avisa-me. Talvez dê para estarmos juntas um pouqinho...

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  4. Também fiquei muito triste com o que se está a passar e concordo com a mãe T2para4, por muito que nos custe a ideia de medicar uma criança, se for para os ajudar não temos porque sentir culpa.

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  5. Não costumo comentar mas acompanho a vossa história. E quero deixar um abraço virtual. Tenho um filhote com 4 anos e sei o quanto é dificil o que descreves. Muitas pessoas não compreendem pq não consigo ir á praia com o meu filho ou passear noutros lugares. Só quem vive as situações realmente compreende as dificuldades.

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  6. Daniela! fiquei com um nó no peito ao ler o este post! Ultimamente tenho andado muito ansiosa com o meu menino porque parece que os interesses obsessivos estão ao rubro, ver os outros meninos a ter conversas com os pais nas esplanadas e o medo do mar também não tem ajudado mas isto não é nada em comparação ao que relatas! Muita força! Bjs

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  7. Olá, Daniela,

    Tambem eu acompanho o teu blog e estou a comentar pela primeira vez. Faço-o porque tb sei o que são esses dramas na praia... E custa tanto ver o sofrimento dos nossos meninos, assim como a incompreensao e condenação de quem nos rodeia. Efectivamente, a praia e dos sítios mais problemáticos, o que a terapeuta que segue o meu filho explica que e devido aos estímulos que existem (nunca tinha reparado, desde o barulho do mar, ate a sensação da areia) e dai ser das situações mais tensas para eles... No teu caso, a juntar a uma mudança de ambiente, imagino que nao tenha sido fácil para o Diogo... Desejo-vos a todos muita forca, e tambem muita esperanca, há sempre dias melhores por vir! Beijos grandes

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  8. Olá,
    A minha piolhita ainda só agora é que foi sinalizada por isso tudo isto ainda é muito novo para mim. Mas nesta altura penso que o que queremos é o melhor para os nossos tesouros. Também acho que o melhor é fazer tudo que é possível para o bem estar do Diogo,

    Força e bjinhos

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  9. Beijo grande para ti, que és uma SUPER MÃE!! E respira fundo, a mim costuma ajudar muito.

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Tenho que falar... senão dou em doida!

Todos dizem que está tudo bem mas o meu mundo desaba num segundo... Decidi escrever um blog (porque não?), onde vou desabafando e limpando a alma.

Quantos pais não estarão na mesma situação? Ter um filho diferente e não ter certeza de nada? Receio do futuro? E quanta ansiedade muitas vezes não significa NADA? Ou seja, passar 5 ou 6 anos com o coração nas mãos e depois está tudo bem, era só "uma questão de ritmo"? No meu caso, ainda continuo com a malvada incerteza, mas quem sabe...

E porque não desabafar aqui também? Terapia gratuita...
comentários, agradecem-se!