As dúvidas e angustias de uma mãe de primeira viagem quando descobre que o seu tesouro é especial...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Os que se podem escolher...

O assunto de hoje é limpeza. Não a da casa (que bem precisa!) mas a da minha vida...

No meu dia-a-dia tenho muitas coisas de que não preciso: roupa que não visto, calçado que já não gosto, bujigangas diversas, tralha de todos os tamanhos e feitios. Nesta altura do ano é costume fazer-se uma selecção do que já não serve para dar espaço ao que há-de vir.

Foi com esta ideia de limpeza que me lembrei que há outra coisa que precisa ser limpa: a lista das amizades. Tenho amigos de todos os tipos: os porreiraços, os psicóticos, os prestáveis, os maníacos, os inconstantes, os esquecidos, os ocupados... aqueles que precisam de mim, aqueles que mudam de direcção para não cumprimentar no supermercado, aqueles que me fazem sorrir, aqueles que me tiram do sério, aqueles que não sabem o que sinto por eles (ou fingem, tal como eu), os do Facebook que se me virem na rua não me falam, os que estão tão ocupados a olhar para o umbigo que não se importam com o Mundo e tantos outros...
 
Mas, em altura de aperto, contam-se pelos dedos de UMA mão os com quem posso verdadeiramente contar, ou seja, aqueles que se preocupam realmente comigo e com os meus... aqueles que não precisam de ler este "local de descarga emocional" para saber como me sinto ou o que preciso para me sentir menos mal.

Estou a ser egoísta? Às tantas estou... mas eu que me desdobro para estar presente quando precisam de mim acho que merecia um "cadito" mais! Sim, porque quando sou precisa eu ouço os problemas dos outros! Já emprestei ombro a problemas familiares, pessoais, profissionais, matrimoniais, financeiros e até logísticos! E o que se ganha em troca? Exactamente isso: na-da. Ou na melhor das hipóteses, um casual "tudo bem?" ao que eu respondo invariavelmente "sim, mais ou menos" ou então "vamos indo"... e vamos indo, dentro do possível. Será normal que eu fale mais com pessoas que nunca vi do que com pessoas com quem cresci? É suposto receber emails de pessoas que não conheço pessoalmente a perguntar o que se passa quando quem passa por mim não o faz, ou só pergunta pela gata?!? Às tantas é... chiça, ando mesmo enganada, estou a ver...

Para quê isto? Porque os amigos escolhem-se! Ao contrário da família, que infelizmente não é escolhida e tem que ser tolerada. Sim tolerada, porque ouvir "tu é que precisas de psicólogo" e "o teu filho é assim por tua causa" vindo do próprio pai é coisa que tem que se tolerar, porque se desse para escolher...

E não vou desamigar ninguém, claro...  é só um desabafo, porque cada um tem os seus problemas e cada um lida com eles de maneira diferente. Só tenho pena e alguma mágoa, de chegar à conclusão que só posso contar com a gata para consolo...

Serviu a carapuça? Temos pena. Temos mesmo...


8 comentários:

  1. Estamos na mesma, deixa lá, beijos e força :(

    ResponderEliminar
  2. Olá Daniela! sigo o teu blog porque sou uma mãe como tu, o Tomás é como o teu Diogo, e revejo-me em tantas tantas coisas, há posts teus que parece que fui eu que os escrevi.
    E sim, sinto-me tua amiga e da rainbowmum tambem. E é aqui que consigo ir buscar forças e que sei que me entendem.
    Um beijo e conta comigo!
    http://www.facebook.com/profile.php?id=100001971025313
    Sofia

    ResponderEliminar
  3. Querida Daniela, sabes que estou aqui para o que precisares, ok? Sempre que quiseres desabafar ou dizer mal da vida conta comigo (como contei contigo tantas vezes). É engraçado, de facto sem ter conhecer pessoalmente sinto-me mais tua amiga que algumas pessoas com quem cresci :)

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Não deveria ser nomeio virtual que deveríamos encontrar pessoas que nos compreendessem, que nos entendessem, mas infelizmente é.
    Foi neste meio que encontrei a minha melhor amiga, aquela pessoa que quando estamos ao telefone uma com a outra um simples bom dia dá para perceber que algo não está bem, aquela pessoas que falo horas a fio por dia e que se pudesse continuava a falar pois temos sempre imensos temas de conversas.
    Os amigos reais, esses à muito tempo que o deixaram de ser na realidade e posso contar pelos dedos de 1 mão os que são verdadeiramente meus amigos. É que quer queiramos, quer não a nossa vida muda e muita e essas pessoas não estão preparadas para isso e como são uma cambada de egoístas que só olham para o umbigo delas, acontece é que elas sim têm os maiores problemas do mundo, enquanto nós nos debatemos com nem sei bem o quê.
    Pois eu digo-te, neste momento da minha vida, sim porque já vamos com 6 anos especiais eu "desamigo" amigos e até família, sim porque alguma só se interessa por nós no Natal ou na Páscoa. Por isso se tens de desamigar, desamiga....a mim faz-me bem fazer essa limpeza, porque na realidade só vale a pena investir em quem investe em nós.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  5. Tanta mágoa, tanta amargura. Já te disse, tantas e tantas vezes, que nós, seres humanos, por muito civilizados que sejamos, continuamos a ser animaizinhos. Só mudámos o cenário! Todo o resto permanece lá: a agressividade em certas situações, mesmo que mal fundamentada; a indifereça perante cenas que não nos interessem ou que pressentimos que nos iriam dar trabalho e, principalmente,a necessidade de ser interesseiros. É tudo uma questão de sobrevivência. Se os leõezinhos descobrissem que ser amigos das gazelas e andar a passear com elas nas savanas lhes trazia vantagens, pois assim seria muito mais fácil capturar e comer uma delas de vez em quando, o que achas que eles fariam? Quantos naufragos conheces tu que guardem a tabuinha que lhes serviu de apoio e que os manteve vivos durante longos tempos perdidos no mar? Assim que chegam à costa ou a deitam fora ou a queimam para celebrar. Pois é, minha amiga, vai aprendendo...

    Um amigo (mesmo que às vezes não o tenhas como tal!)

    ResponderEliminar

Tenho que falar... senão dou em doida!

Todos dizem que está tudo bem mas o meu mundo desaba num segundo... Decidi escrever um blog (porque não?), onde vou desabafando e limpando a alma.

Quantos pais não estarão na mesma situação? Ter um filho diferente e não ter certeza de nada? Receio do futuro? E quanta ansiedade muitas vezes não significa NADA? Ou seja, passar 5 ou 6 anos com o coração nas mãos e depois está tudo bem, era só "uma questão de ritmo"? No meu caso, ainda continuo com a malvada incerteza, mas quem sabe...

E porque não desabafar aqui também? Terapia gratuita...
comentários, agradecem-se!