As dúvidas e angustias de uma mãe de primeira viagem quando descobre que o seu tesouro é especial...

domingo, 27 de março de 2011

Bem vinda à Holanda!

É engraçado como conseguimos tocar no coração das pessoas... especialmente aquelas que não conhecemos pessoalmente mas com quem nos identificamos desde logo. Do Brasil, recebi o seguinte texto (obrigada, Cleide):

"Quando você está para ter um bebé, é como planear uma fabulosa viagem de férias à Itália. Você compra um guia de viagem e faz planos maravilhosos. O Coliseu, o David de Miguel Ângelo, as gôndolas em Veneza. Você aprende algumas frases acessíveis em italiano. É tudo muito emocionante! Após meses esperando ansiosamente, o dia chega finalmente. Você faz as malas e vai. Muitas horas depois, o avião aterra. O comissário de bordo entra e diz: Bem-vindos à Holanda !!!!!! Você disse Holanda, o que significa bem-vindo à Holanda? Eu comprei uma passagem para a Itália! Eu só posso imaginar que estou na Itália. Toda a minha vida eu sonhei em ir para a Itália! " Mas é que houve uma mudança no curso do voo". Chegamos na Holanda e aqui você deverá permanecer. A coisa mais importante é que não te levaram para um lugar horrível, repugnante, sujo e cheio de doenças. É apenas um lugar diferente. Assim você deve ir comprar novos guias de viagem. Você deve aprender uma língua inteiramente nova. Você vai encontrar-se com novos grupos de pessoas inteiramente novos que você nunca pensou em encontrar. É apenas um lugar diferente. O progresso é mais lento do que na Itália, menos ofuscante do que a Itália. Mas depois você olha em torno, trava a respiração e começa a observar que a Holanda tem moinhos de vento, a Holanda tem tulipas, a Holanda tem até mesmo Rembrants. Mas todo mundo que você conhece está ocupado indo e vindo da Itália e se vangloriam sobre o tempo maravilhoso que eles tiveram lá. E para o resto de sua vida, você dirá, "sim é onde eu sonhei ir, o lugar que eu tinha sonhado em ir". E a dor daquela vontade você nunca perde, você sente sempre, porque a perda desse sonho é uma perda muito significativa. Mas se você passar a sua vida inteira lamentando o fato de que você não foi a Itália, você nunca estará livre para apreciar as coisas especiais e encantadoras da Holanda!!!"

É isso mesmo! Tudo aquilo que eu não consigo expressar, toda a frustração e revolta que sinto cá dentro: EU ESTOU NA HOLANDA! Quando tudo o que eu sonhei e ansiei durante tanto tempo está longe, em Itália...
E agora, depois de ter criado este blogue e de receber tanto carinho (por mensagem, por abraço ou simplesmente por aquele olhar que nos dá força), sinto que estou pronta para explorar a Holanda! Tudo bem, vou ter sempre a mágoa de não ser Itália, mas um dia vou poder dizer que eu adoro tudo o que a Holanda me dá! Porque apesar de tudo, a minha Holanda faz-me muito feliz...

4 comentários:

  1. Não te concentres só no diagnóstico. É importante o que faz, o que quer fazer... A linguagem, a comunicação vem por acréscimo. Os pais têm o direito de sentir...angustia, desilusão,receio... mas também felicidade.Dá-lhe o que gosta...é o que lhe traz tranquilidade e felicidade. Estou com vocês. O que precisares.
    Bjo grande para ti e o Diogo.

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  2. Concordo plenamente com o texto!
    O que interessa é ser feliz e fazer o teu pequeno feliz com todo o amor que tens para dar! :)

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  3. Olá Daniela
    Vou deixar aqui este link http://hospedandoanjos.blogspot.com/p/dez-coisas-que-todo-aluno-com-autismo.html
    (10 coisas que todo aluno com autismo gostaria que a professora soubesse)
    Acho que isso aí não vale só para a professora , mas para todas as pessoas que convivem com estas crianças principalmente para a mãe.
    Quando as coisas ficarem difíceis demais lembre-se Daniela que "Deus não escolhe os capacitados mas capacita os escolhidos".
    Um beijo.

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  4. Que texto fantástico. É isso mesmo, Daniela. Está tudo dito. Descobre e usufrui da bela Holanda.
    Um beijinho e uma abraço, minha amiga.

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Tenho que falar... senão dou em doida!

Todos dizem que está tudo bem mas o meu mundo desaba num segundo... Decidi escrever um blog (porque não?), onde vou desabafando e limpando a alma.

Quantos pais não estarão na mesma situação? Ter um filho diferente e não ter certeza de nada? Receio do futuro? E quanta ansiedade muitas vezes não significa NADA? Ou seja, passar 5 ou 6 anos com o coração nas mãos e depois está tudo bem, era só "uma questão de ritmo"? No meu caso, ainda continuo com a malvada incerteza, mas quem sabe...

E porque não desabafar aqui também? Terapia gratuita...
comentários, agradecem-se!