As dúvidas e angustias de uma mãe de primeira viagem quando descobre que o seu tesouro é especial...

terça-feira, 1 de março de 2011

O rótulo...

Hoje em dia todos temos que ter um rótulo: a depressiva, a divorciada, a maluca, a hipocondríaca, a da mini-saia, a autista... Parece que há uma corrida ao rótulo: se não tiver um, não pode ser integrada na sociedade, ou a sua vida não estará completa.
Não sou contra os rótulos... já dei comigo a pensar "Xiii, tenho que ir aturar aquela chata", ou "lá vem o convencido que fala pelos calcanhares". Aposto que também devo ter alguns, e se bem me conheço não devem ser todos muito simpáticos... mas consigo viver com isso.

Agora o que me chateia a sério é quando o rótulo "cola"... do género "a fulana que fugiu de casa dos pais" quando isso já aconteceu há 10 anos. Pronto, na altura até dá jeito para saber de quem se trata, como quando a minha mãe explica "é a filha da irmã da d.Rosa, que tinha o café e que é prima daquele rapaz que andou com o teu irmão na catequese"... pois, sei lá! Ou "É aquela que fugiu de casa dos pais porque não a deixavam namorar"! Ah, ok, já sei...

Mas quando este rótulo é aplicado a uma criança pequena, e a cola utilizada é aquela que uma gota em cada sapato cola o fulano ao tecto... Chateia-me, pronto! Eu sei lá se os rótulos que estão a tentar colar ao meu filho não são daqueles que não conseguimos tirar, nem com álcool etílico a 96% vol? Ou então, são daqueles que passados uma semana já não se lê nada e temos que colocar outro rótulo? Que ainda por cima já não é igual ao original!! Sim, porque aposto que nesta coisa de rótulos, quando se troca ou reavalia o assunto, descobre-se qualquer coisa nova que deve ser acrescentada!

Só para dizer que um rótulo é só mesmo isso... ouviste Raquel? Um rótulo é só algo que alguma alminha iluminada usou para mostrar que sabe dizer umas palavras complicadas e que na altura lhe pareceu bem. Daqui a uns tempos vem outra alminha e diz que afinal o rótulo estava "mal-aplicado" e, pimba, lá vem outro.
Fazendo bem as contas, os nossos filhos continuam a ser as mesmas crianças felizes que eram antes da dita etiqueta... nós, mães e pais é que somos os verdadeiros rotulados, porque nós é que ficamos afectados, mais ninguém.


3 comentários:

  1. É isso mesmo. Infelizmente na nossa sociedade parece que todos temos de ter rótulos, mesmo que sejam mal utilizados e inadequados. E infelizmente estão a tentar rotular as nossas crianças desde tenra idade.
    Por isso proponho uma campanha contra os "rótulos".
    Lembro-me de quando era criança, nunca ninguém me disse que eu era obesa (e olha que era bem gordinha), agora é a palavra que mais ouço. Na altura uma criança com uns quilos a mais do que o definido como "normal" era "bem constituída" ou em último caso "gordinha". Agora é rotulada de "obesa", nem que sejam apenas poucos quilos a mais. E depois lá vêm as dietas e psicologos e etc...
    Tens toda a razão, quem é realmente afectado somos nós, mães e pais, que depois (instintivamente) tentamos fazer de tudo para que os nossos filhops se enquadrem nos padrões ditos "normais". Mas o que é o "normal"? Todos nós somos únicos e não podemos deixar que rotulem os nossos filhos só porque aparentemente estão um pouco fora do padrão.
    Muitos beijinhos para os três e principalmente para o meu futuro genro ;o)

    ResponderEliminar
  2. Muitos beijinhos para o meu tio , a minha tia e o meu priminho <3

    ResponderEliminar
  3. Gostei muito de ler o teu texto e tens toda a razão. Rotular alguém é mau, rotular uma criança é pura estupidez e maldade.

    Dei comigo a pensar que, por vezes, também uso rótulos (para muito poucas pessoas, é certo, e nunca para crianças). São inofensivos, creio eu, usados em privado e por razões como as que apontas (como não pensar "a chata" quando a pessoa é mesmo chata, não é?), mas não é bonito, de facto. É injusto e redutor, porque ninguém merece ser etiquetado (à excepção, claro, de alguns sinistros que por aí andam e que merecem mais do que um rótulo: merecem um nome mesmo feio, feio, que não se pode dizer em voz alta). Nós somos únicos e, ao mesmo tempo, plurais, porque são vários os traços que definem a nossa personalidade. O fenómeno das alcunhas é idêntico. Algumas são engraçadas e ternurentas até. Têm uma certa carga afectiva. Mas, através de outras alcunhas, as pessoas conseguem mostrar uma profunda malvadez. O meu avô paterno tinha uma alcunha que o irritava e tudo por causa de um episódio caricato ocorrido na sua infância (o nome não era ofensivo, mas, lá está: irritava-o que tal episódio lhe tivesse ficado colado à pele durante toda a sua longa vida). Já o avô materno orgulhava-se do seu epíteto e apresentava-se com o mesmo. Esse pecado não tenho, acho eu, que não me lembro de aderir a alcunhas. Mas aos chatos acho que vou mesmo continuar a chamar "chatos" e aos malucos "malucos"(chiu, fica entre nós; conheces alguns e não estão longe...). :) Beijinhos, amiga.

    ResponderEliminar

Tenho que falar... senão dou em doida!

Todos dizem que está tudo bem mas o meu mundo desaba num segundo... Decidi escrever um blog (porque não?), onde vou desabafando e limpando a alma.

Quantos pais não estarão na mesma situação? Ter um filho diferente e não ter certeza de nada? Receio do futuro? E quanta ansiedade muitas vezes não significa NADA? Ou seja, passar 5 ou 6 anos com o coração nas mãos e depois está tudo bem, era só "uma questão de ritmo"? No meu caso, ainda continuo com a malvada incerteza, mas quem sabe...

E porque não desabafar aqui também? Terapia gratuita...
comentários, agradecem-se!