As dúvidas e angustias de uma mãe de primeira viagem quando descobre que o seu tesouro é especial...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Esta é a Mia...

O Pai Natal desta vez foi generoso... para além do tradicional pijama e bujigangas que não interessam a ninguém, recebi... a MIA!


Sim, eu sei. Ter um gato é uma prisão. A casa fica cheia de pelos, as plantas sofrem e os cortinados ganham franjas novas.. ou não. Mas eu tive gatos desde sempre e confesso que sentia falta do ronronar e das marradinhas que dizem gosto de ti. Eis que, tantos anos de insistência depois, a minha cara metade lá cedeu (sim, porque segundo sempre me disse, ele e gatos não combinam!). Agora ele partilha a gata comigo. Sim, porque a bicha do demónio prefere o dono e ele começa a dar sinais de quem é capaz de se habituar a ela também (o que não é pior, assim não me chateia tanto quando ela faz asneiras!).

E o Diogo? Como é que acham que o Diogo reagiu à Mia?

Muitíssimo bem. E ela? Adora-o!!! Onde ele estiver, a gata está também. Senta-se na cama dele quando ele brinca no chão ou no sofá ao lado dele quando ele vê televisão.
No primeiro dia ele sorriu e mostrou interesse... durante 10 segundos e foi à vidinha dele. Imaginem portanto o meu espanto, quando no dia seguinte, ainda mal acordado o Diogo pergunta "A Mia?".
Uau.
Levei-o à cozinha, onde está o ninho dela e ele lá foi todo contente espreitar. Virei as costas e dou com ele de joelhos, a espreitar para baixo da mesa onde ela estava, a rir às gargalhadas por a ver brincar com uma bola. E o que fez ele? Foi buscar outra bola e atirou-a para ela ir buscar, sempre atento às brincadeiras dela. Esta brincadeira continua até hoje...  o que é mais fantástico é que nem ele a massacra nem ela stressa.
Faz festas na Mia, quando lhe dizemos para o fazer. Primeiro com as costas da mão, agora vai tendo mais confiança e já faz com a mão toda. De resto, parecem dois putos (parecem, não, são), a brincar às escondidas: ela esconde-se e ele vai atrás e quando a encontra, ela esconde-se outra vez e a brincadeira recomeça. E se não a encontra? "Quero Mia! Onde está a Mia?"

São dois companheiros de brincadeira e de destruição (entre Diogo e Mia, a árvore de Natal já levou uma coça que nem vos conto!).

É claro que tenho receio de uma arranhadela ou mordidela. Mas às tantas há mais vantagens do que desvantagens. Até ver...


PS: Agradeço mais uma vez ao pessoal que faz a vistoria do gás natural e que veio cá em Setembro. Foram tão delicadamente eloquentes que ainda hoje me lembro das expressões feroz lambedora e bicha do demónio. Ficaram gravados na minha mente desprevenida, para sempre. :)

 Miau.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natalio!

Divirtam-se e ponham os problemas para trás das costas... se conseguirem! Se não conseguirem, atafulhem-se de doces e chocolates (ou licores variados até cair para o lado, se preferirem!) e não se esqueçam de sorrir... Mesmo que seja sem vontade, um sorriso amarelo e pouco duradouro, mas um sorriso! Que a esperança nasça desse sorriso, que sirva de alento nestas noites frias e que nos dê força para continuar.




Eu vou tentar também...
E obrigada a todos, por tudo.
Beijos e abraços e sonhos... de abóbora!



domingo, 18 de dezembro de 2011

Transgressão e Regressão

Não, caríssimos colegas geólogos e afins. Não falo dos processos geológicos associados à subida ou recuo do nível do mar, nada disso. (embora preferisse...)

A regressão  a que me refiro é dolorosa...não aumenta a área continental, apenas o meu desespero. Exagero? Vejamos:
- Há 6 meses atrás o Diogo não falava muito, apenas o essencial. Hoje fala menos do que isso, é preferível apontar e espernear se não lhe fazem a vontade.
- Há 6 meses atrás o puto usava fralda. Hoje continua e não vejo vontade em largar a dita. A opinião da pediatra é tirar já e de repente. Se houver descuidos, banheira e água fria... Para quem não se lembra, estamos em Dezembro, a ideia de água fria não é a mais agradável...
- Há 6 meses atrás o Diogo não queria ir para o infantário. Adivinhem? Continua a não querer.
- Há 6 meses atrás o Diogo tinha deixado de se agredir. Agora, pega na minha mão para lhe bater...
- Há 6 meses atrás eu tinha esperança no desenvolvimento positivo dele. Hoje já não sei...
-Há 6 meses atráso puto só via números e letras. Hoje só brinca com... números e letras!
Vêm o padrão aqui?

O consenso social manda procurar ajuda. Mais médicos, mais especialistas, mais testes, mais stress... Ordens da pediatra: teste auditivo urgente (aproveitar porque finalmente instalaram a maquinaria para os potenciais evocados aqui no fim do mundo), e procurar outro especialista. Já corremos pediatras, pediatras de desenvolvimento, pedopsiquiatras, psicólogos e todo um conjunto de educadores e terapeutas. Falta-nos um neuropediatra. Ok, claro. Mais um... É aqui que entra a transgressão: não me apetece! Não me apetece seguir as regras! Não quero mais médicos, EU saio de lá doente!!!!!


Apetece-me mandar toda a gente... à fava. A sério!
Ide ver se o porco anda nas couves! 
Vão que eu espero.

Bolas. Eu não quero. Eu não quero ter um filho diferente.
Pronto já disse.

E sim, descansem. Vou marcar consulta.   
Mas dava tudo para não ter que o fazer...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Era das tecnologias, parte III

Mais alguns para a lista...

http://www.kids-software.com/
http://www.educational-freeware.com/
http://www.wartoft.nu/software/sebran/
http://www.wartoft.nu/software/minisebran/
http://www.educational-freeware.com/online/poisson-rouge.aspx
http://www.educational-freeware.com/online/starfall.aspx
http://sembarreiras.org/
http://www.inclusive.co.uk/
http://www.starfall.com/
http://www.minimops.com/ - *****!!!!


Boas brincadeiras!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Chorar não adianta nada."

Chorar não resolve problemas.
Chorar não te limpa a casa nem te passa a roupa a ferro.
Chorar não te adianta o trabalho.
Chorar não te faz mais feliz.
Chorar não te trás de volta quem já partiu... nem te afasta de quem não precisas.
Chorar não te alivia o desespero nem a frustração.
Chorar não implica que sintam pena de ti.
Chorar não te garante um futuro melhor.
Chorar faz dor de cabeça. E incha os olhos. E põe-te mal disposta.

Então porque choras?
Chorar é apenas uma resposta fisiológica à alteração do estado emocional, seja por  medo, tristeza, depressão, dor, saudade, alegria exagerada, raiva, aflição...

Choras porque precisas. Porque se não o fizeres morres por dentro.
Choras porque te dói ver como és diferente dos outros, porque eles não sabem o que tu estás a sentir.
Choras porque não sabes o que estás a fazer bem ou o que estás a fazer mal.
Choras porque estás perdida e precisas de encontrar o caminho.
Choras porque não sabes como reagir quando o mundo desaba.
Choras porque não consegues curar quem não está bem.
Choras porque estás cansada.
Choras porque sim. E porque não.

Mas acima de tudo...
Choras porque és forte! Porque a seguir a este momento de desespero, a força renasce!
Choras porque queres seguir em frente.
Choras porque és mãe e queres o melhor para o teu filho.


E depois... deixas de chorar.
E voltas ao mesmo.
Até precisares de chorar outra vez.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"É autista, não é?"

Acabadinha de ouvir.

Pela 3ª vez em 4 anos, o Diogo foi ao serviço de urgências do Hospital cá do sítio. Refiro o número de vezes só porque me disseram que o puto e os pais são uns heróis, pelos vistos há crianças da idade dele que já ultrapassaram as 50 visitas. Ganham-se pontos com isto, ou será que ainda não recebi o catálogo para trocar por brindes? brincadeira de mau gosto, admito! Sorry...

Como tem uma excelente memória, bastou chegar aos portões do referido Hospital para o Diogo desatar aos gritos... da ultima vez, eram 2 da manhã e ele teve que fazer aquela mistura de aerossóis com adrenalina e jkdfuwaeg-ina, que pelos vistos foi traumatizante. Eis que em plenos pulmões (apesar de muito rouco), esperamos pela triagem. A enfermeira que nos atendeu (bem mais atenciosa do que o outro paspalho, digo, enfermeiro que nos atendeu da outra vez), mediu-lhe a temperatura e como ele continuava aos gritos começou a tentar distraí-lo.
Pois.
Como viu que não conseguia, olhou para mim e disse com um sorriso:

"É autista, não é? Tão lindo! Sabe, como mãe, gostava muito de conhecer o mundo de um autista. Deve ser bem melhor do que o nosso, não acha?" e como se não bastasse, remata:
"Nota-se que vocês são uns pais excelentes!"
Nota-se como? Pelos gritos? Pelos pontapés? Pela cara de pânico do puto? Ou pela minha?

Ok, estou um bocadinho amarga hoje. Grunf...

 Segue-se a razão da visita: a pediatra, que ao telefone de manhã nos aconselhou a passar por lá para o auscultar. A birra continua mas ela faz um ar conhecedor (não vê o puto há 1 ano) e quando a colega (não, não foi a pediatra dele, foi a outra médica que estava de serviço) o tentou acalmar, a unica resposta foi:
"Este é dos bons, é dos tais..."

A única coisa boa disto, é que neste momento ele está a dormir. Acho que a gritaria o cansou e ele finalmente adormeceu. Não há tosse, nem gemidos... só o meu pequeno a dormir descansado.
Ataquei a maldita tosse a tempo, antes de ela se transformar em gosma pulmonar e ser muito mais difícil de curar depois.
Ele está bem. E se para ele estar bem, eu tenho que levar com tudo isto e mais os esgares de quem lá estava, desafio superado.
Nada de preocupações.
Estou bem, nada que uma boa noite de sono não cure.
Ou duas horas.
Ou meia hora.
Ou ZZzzzzzzzzzzzzzz.......
Tenho que falar... senão dou em doida!

Todos dizem que está tudo bem mas o meu mundo desaba num segundo... Decidi escrever um blog (porque não?), onde vou desabafando e limpando a alma.

Quantos pais não estarão na mesma situação? Ter um filho diferente e não ter certeza de nada? Receio do futuro? E quanta ansiedade muitas vezes não significa NADA? Ou seja, passar 5 ou 6 anos com o coração nas mãos e depois está tudo bem, era só "uma questão de ritmo"? No meu caso, ainda continuo com a malvada incerteza, mas quem sabe...

E porque não desabafar aqui também? Terapia gratuita...
comentários, agradecem-se!