As dúvidas e angustias de uma mãe de primeira viagem quando descobre que o seu tesouro é especial...

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Otorrino e blábláblá...

O blog fez um ano, qu'é como quem diz, há um ano que fui obrigada a escrever para aliviar o peso que trazia no peito.
Um ano depois, muita coisa mudou: estou desempregada, tenho menos dinheiro, tenho uma gata, encontrei amigos que se preocupam e despachei amigos que nunca se preocupavam (ou que nunca faziam cedências). Muitas outras coisas continuam na mesma: continuo longe de casa, continuo com vontade de chorar e continuo a rezar para que esta vida que tenho seja só um pesadelo... grunf.


Ontem fomos ao Hospital. O otorrino decidiu na consulta do dia 16 (40€ por 2,5 minutos!!!) que como o Diogo não colaborava, era melhor fazer otoemissões, a fim de avaliar se ele ouve bem ou não. Se esse exame não resultasse, passaríamos para o teste de potenciais evocados, que implica sedar o garoto... not cool. É lógico que comecei a sofrer por antecipação desde esse preciso minuto.

Com o puto até calminho, lá vem a técnica enfiar qualquer coisa na orelha... ou melhor, tentar. Não deu, óbvio. O miúdo entrou em pânico e desatou num berreiro, daqueles capazes de fazer registos de 8.0 na escala de Richter... foi apertado e obrigado a estar sossegado até que a moça lá desistiu. Resultado? Voltamos lá para a semana... O que me F*** nesta história toda é o discurso: "em termos estruturais, o ouvido é perfeito." e "vê-se que ele ouve bem". Então para que é que é toda esta merdinha de testes?  Eu sei, pode haver um milhão de possibilidades de ele ouvir mal algumas frequências, mas estou fartinha... Haviam de ver o olhar de PÂNICO de duas velhotas que estavam para entrar a seguir na sala de testes. A técnica saiu e disse logo muito apressada: " não se assustem, isto não dói nada!". Senti-me revoltada, com toda a gente do corredor a olhar para o garoto aos gritos como se ele fosse um assassino condenado. Ainda houve uma que lhe disse "Chiu!"... ah, caraças, que vontade de esganar alguém... A vontade era dizer "O puto é autista, pode fazer figuras tristes, qual é que é a sua desculpa para ser estúpida?"


Estou em ponto de rebuçado. Apetece-me entrar num quarto escuro e não voltar a sair. Esquecer que tenho uma vida e deixar-me levar pelo silêncio até não doer mais.

Tranquilo. Isto passa. Passa sempre... é só mais um dia (leia-se semana, mês ou ano) de neura que atrofia o juízo a quem já não tinha muito. Coiso.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A bicha do demónio e nós...


Não, não vou fazer um blog dedicado à gata. Podia, mas não.
Para quem ainda não sabe, em Dezembro aumentámos a família e adoptamos uma gatinha (família, sim!). Foi uma negociação difícil mas lá chegámos à conclusão que, se estimulasse o pequeno, valia o esforço (que é como quem diz, tanto melguei o pai que ele lá me deixou ter um gato só para não ter que me ouvir!!!). Adiante.

Os primeiros dias foram deliciosos. O Diogo procura a Mia, sempre respeitando o seu espaço (nada de apertões nem puxões de cauda) e a Mia procura o Diogo, sem arranhadelas ou mordidelas. Era portanto de esperar que o interesse de ambos fosse desvanecendo com o passar dos dias...

WRONG!

Continuam a adorar-se mutuamente. A primeira coisa que o piolho pede de manhã é a Mia! Só para olhar para ela e fazer uma festita rápida. Até durante o sono chama por ela... e ela lá vem, senhora do seu nariz, cheirar o pequeno e desejar um bom dia. Depois lá seguem para os seus afazeres matinais: vestir, tomar o pequeno almoço e ir para a escola (o Diogo) e desarrumar, destruir e planear a conquista do mundo (a gata, claro!).

Se eu acho que um animal de estimação faz bem a uma criança diferente? Acho. A uma criança normal também
No entanto, e como já falei com vários pais que estão a pensar aumentar a família com um bichano ou canito, acho que devo chamar a atenção para uma ou duas coisitas:

- É uma questão de sorte. Não é por o bicho ser de "marca" ou rafeiro que temos a certeza de ser dócil ou indicado para lidar com crianças.
- Não atazanem o juízo ao bicho. Se querem um animal calmo e que não ande sempre com as unhas de fora, não o excitem a torto e a direito! Nada de puxar rabos, apertar orelhas e assustar um animal que queremos que não arranhe os nossos filhos!
- Vacinas em dia. Desparasitar bicho e família. Se não o fizerem, correm o risco de ter que explicar aos vossos filhos porque o bicho desapareceu lá de casa...
- Muita atenção nos primeiros dias. Aos dois. Explicar que o bicho sente dor se for apertado e que o puto não gosta de ser arranhado (tentar...)
- Saber esperar... se eles não se ligam nos primeiros dias, deixar andar. Com o tempo vão ser grandes amigos.

E prontos. Agora só falta deixar as provas de que é possível um gato ser tão amigo de uma criança como um cão! AHHHHHH! Aqui vai também a Nina, que está em casa dos avós! Preta mai linda!!!!!




















 Convencidos?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Na cama com os pais...

Sim, gente.
O puto dorme comigo.
Sim, também sei que há muita gente que diz que isso pode comprometer a independência dele, a sua autonomia, que destrói o contacto intimo dos pais e blá, blá, blá... O que é certo é que não passo a noite a pensar que ele está destapado e cheio de frio, sei sempre quando ele tem tosse ou o nariz entupido e assim que tem um pesadelo estou lá para o abraçar e acalmar. E sabe tão bem quando ele acorda e vê que está ali, no meio dos pais e se enrosca até encaixar na perfeição no seu cantinho (leia-se 90% da cama). É melhor que uma botija de água quente. Claro que há pontapés e palmadas nocturnas, mas acho que há mais vantagens do que nódoas negras. Ah! E estraga a dinâmica do casal? Só se ela já estiver estragada...

Googlem. Vão ver que a nova geração de psicólogos, psiquiatras e pediatras se estão a inclinar para o cosleeping. Só para abrir a apetite:

Cosleeping Around The World
by James J. McKenna, Ph.D.
"For the overwhelming majority of mothers and babies around the globe today, cosleeping is an unquestioned practice. In much of southern Europe, Asia, Africa and Central and South America, mothers and babies routinely share sleep. In many cultures, cosleeping is the norm until children are weaned, and some continue long after weaning. Japanese parents (or grandparents) often sleep in proximity with their children until they are teenagers, referring to this arrangement as a river - the mother is one bank, the father another, and the child sleeping between them is the water. Most of the present world cultures practice forms of cosleeping and there are very few cultures in the world for which it would ever even be thought acceptable or desirable to have babies sleeping alone."
                    in http://www.naturalchild.org/james_mckenna/cosleeping_world.html, 15/02/2012



Para quem já pratica ou está inclinado a experimentar, aqui vai um guia rápido
















Just in case...


Tenho que falar... senão dou em doida!

Todos dizem que está tudo bem mas o meu mundo desaba num segundo... Decidi escrever um blog (porque não?), onde vou desabafando e limpando a alma.

Quantos pais não estarão na mesma situação? Ter um filho diferente e não ter certeza de nada? Receio do futuro? E quanta ansiedade muitas vezes não significa NADA? Ou seja, passar 5 ou 6 anos com o coração nas mãos e depois está tudo bem, era só "uma questão de ritmo"? No meu caso, ainda continuo com a malvada incerteza, mas quem sabe...

E porque não desabafar aqui também? Terapia gratuita...
comentários, agradecem-se!